Pesquisa etnográfica: Conhecendo a parte pedagógica do CEAP
- Carla Tamires
- 8 de mai. de 2015
- 3 min de leitura

Foto tirada por Acssuel Lisboa
Hoje foi de fato o primeiro dia das nossas atividades no CEAP. Momento de conhecer a parte pedagógica da escola, o número de alunos aproximado de cada turno, o número de salas, os projetos aos quais a escola participa e a dinâmica do colégio.
Ainda há um estranhamento, estranhamos o lugar, a escola, o bairro, o trajeto que fazemos até a escola, as pessoas...tudo completamente normal pois estamos chendo agora, por isso cada momento no colégio é passível de observação, desde a nossa chegada até a saída somos antes de tudo observadores. E o por quê disso? Simples, precisamos conhecer cada parte da escola e cada integrante dela, pois lá na frente quando formos executar nossas intervenções nas salas de aula, precisamos nos sentir parte, precisamos conhecer e reconhecer todos os elementos da escola para desenvolvermos um bom trabalho com os alunos.
Para começar, Adriana nos propôs um momento de reflexão. Nos mostrou uma frase de Paulo Freire que dizia “Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender”. Paramos para pensar que essa seria a expressão da troca de conhecimento realizada nas salas de aulas por professores e alunos, os professores podem repassar todo o conhecimento acadêmico que tem, os conteúdos e até a sua visão de mundo, mas os alunos não ficam atrás e os ensinam a ser pacientes, didáticos, responsáveis entre tantas outras coisas. O certo é que não importa o que está sendo trocado, o importante é que a cada dia um aprenda mais e mais com o outro.
Nesse dia nós fomos apresentados aos projetos estruturantes da escola, um em particular nos chamou atenção, pois participaremos da sua execução. O projeto se chama “PROVE - Produção de Vídeos Estudantis” e tem como proposta esse ano trabalhar com a temática "Valores humanos e sustentabilidade ambiental" tendo a feira do alto maron como campo para essas produções.
Ao final da reunião esquematizamos os questionários socioeconômicos que iremos aplicar aos alunos nas próximas semanas. Esses questionários são muito importantantes para sabermos mais sobre os alunos do CEAP, saber em qual bairro eles moram, qual o grau de escolaridade dos pais, quais os materiais que eles dispõe em casa para estudar, como livros, internet, dicionário, e saber também qual a perspectiva de futuro deles. Todas essas informações associadas a entrevistas e conversas informais com os alunos vai nos possibilitar conhecê-los melhor e entender a sua realidade, uma das proposta do PIBID nesses primeiros meses.
Nesse dia, conhecendo a parte pedagógica do colégio e ouvindo os relatos de Adriana sobre o ensino de Geografia na escola, lembrei de uma passagem de um livro de Nestor Andrade que se chama “Desafios e utopias no ensino de Geografia” em que ele critica o desligamento de muitos licenciandos da realidade. Penso que quando estamos na escola percebemos de forma mais nítida que devemos contextualizar tudo que aprendemos na universidade e relacionar com a realidade do lugar em que estamos e que em um futuro breve atuaremos como professores. Deixo aqui esse trecho para que todos nós reflitamos.
(...) nossos intelectuais desligaram-se de nossa realidade. Não criaram um pensamento próprio sintonizado com nossas raízes e nossa população. Deixaram de ser cridores e passaram a ser conhecedores de teorias que muito pouco nos audaram a sair desse subdesenvolvimento econômico e intelectual.
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